terça-feira, 26 de agosto de 2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

(não tenho jeito para tópicos!)

Back...
bem continuando com mais um excerto da minha vida.
Cresci no seio de uma família "normal", como qualquer uma de subúrbio, com tudo o que de bom e de mau isso posso trazer, aprendi a viver de acordo com alguns standards que me foram colocados à frente, mas nunca pensei que seriam o meu motto de vida.
Sempre soube que queria algo diferente, quer dizer, nunca tive aquela cena de ser bombeiro ou ser polícia, aliás minto... queria ser arquitecto, lembro-me de dizer a toda a gente que gostava de fazer prédios e cenas assim, mas isso foi uma fase.
Comecei um paixão pela musica brutal, o meu tio uma vez ofereceu me um LP de Sepultura o Arise, mas a capa era tão feia que a minha mãe fez o favor de destruir, ela dizia que eu tinha pesadelos por causa do monstro da capa, mas acho que ela é que ficava com medo que eu entrasse na escola e decidisse matar toda a gente. Foi ganhando um gosto musical mais extremo, nunca fui do black metal ou do metal a sério, sempre fui assim mais para a onda do punk rock, bad religion, pennywise, censurados, peste e sida depois vieram as bandas como youth of today, minor threat e afins.
A minha vida iria mudar com alguns desses discos, com algumas das suas letras, a sua energia era algo que me deixava mesmo frenético.
Fiz uma banda há uns largos anos, a minha primeira banda com o TÓupeira aka Tó Caroxo, chamava-se SEM ABRIGO, aquilo era a revolta de miudos de suburbio que queriam desde cedo começar a tocar musica. Man ainda me lembro da bateria que comprei ao Tó, era uma century com peles todas maradas e que ainda vinha com haxixe no prato de choques (sim porque era ali que ele escondia a cena haha).
Fiz bandas e mais bandas, toquei em algumas que até marcaram a cena portuguesa, mas sempre na descontra e acabei onde estou agora, sinto me realizado sem duvida.
Sexta feira vou fazer mais uma daquelas viagens malucas... LISBOA-VIANA-ALBUFEIRA-LISBOA, vai ser cansativo sem duvida, mas vou me divertir imenso, vai ser porreiro, ver todos os amigos do Norte, sentir um bom mosh, beber umas cucas, tudo na paz do senhor.
o que realmente eu queria vos contar hoje, e são apenas pensamentos que vagueiam na minha tolinha, é que a vontade de lutar e de atingir objectivos fez com que chegasse onde estou hoje, é esse espirito que se deve ter, ir caminhando passo a passo, não tentar dar passos demasiados grandes, porque se não ficas realizado acabas eventualmente por achar que nao valeu a pena... passaram 10 anos, sim 10 anos.. quer dizer desde Sem Abrigo devem ter passado mais, devia ter uns 13 anitos quando comecei a "banda", por isso passaram agora 13 anos, mas foram 13 anos de muitas escolhas, algumas que foram muito fixes, outras que foram um BURACO MESMO NEGRO! mas ya.. whatever.
Há dias que me dá para lembrar das viagens que fiz, e uma que marcou foi quando eu, o Pedro e o André decidimos ir a Holanda no meu velhote Fiat Punto, amigos aquilo é que foi... dormir ao frio com -2 na bélgica dentro do carro, trabalhar numa estufa de morangos para fazer guita e voltar para Portugal, entrar na guestlist de SOIA e Bleding Through para ver dois shows, fazer 5 datas com Ragmen, roubar backstages (leia-se roubar comida)... man nessa viagem apontaram me uma shotgun a cabeça, acho que nunca tinha ficado com tanto medo. a bófia francesa não brinca em serviço, e quando estão 3 "turcos" ao pé de uma bomba de gasolina às 5 da manhã, tem de entrar a matar, o mais curioso é que eles os dois ficaram a rir no carro e eu deitado no chão com a merda da shotgun apontada á cabeça e um policia que só dizia "arrete, arrete", estes francius quebram-me ao meio. Safem-me dessa... só queria era ver França pelas costas.
mas essa viagem, foi importante porque foi um manual de sobrevivência, foi como se e atirassem a uma jaula com leões e dissessem "orienta-te gordo". Pois bem, foi o que fiz!
Se não fosse aquele sonho de miudo, de ser "diferente" dos outros, não teria passado metade das cenas que passei, experiências das quais nem tenho fotos, mas tenho tudo na minha cabeça (ou quase tudo!).
Já se sentiram donos do Mundo, como se ele vos pertencesse? eu estou a sentir me assim, e nem sequer saí da cadeira... pelo menos fisicamente!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

sup ya'll

são 11h35m, estou sentado na cadeira da minha sala no escritório a pensar no que vou debitar nestas linhas que criei para mim, para poder falar sobre o que me apetecer.
Ontem em conversa com o meu mano André, decidi que deveria começar a escrever cenas aqui neste "diário", e depois de dormir sobre o assunto vão as primeiras linhas.
Decerto que toda a gente que me conhece minimamente sabe que a minha paixão, a minha vida é hardcore, tudo o que gira à volta dele, música, bandas, zines, distros, concertos, tours, atitude, estilo de vida, etc...
Desde cedo que me deu uma forma de ver o Mundo com outros olhos, uma maneira muito especial que muitos nunca na vida poderão compreender, muitos não conseguem perceber como é que se pode chorar a ver "Cro Mags" ou até mesmo o primeiro show de Lockdown, man é daquelas cenas que a uma pessoa "normal" nunca se poderia explicar o porquê de me meter numa carrinha e ir com os meus manos conquistar a Europa, simplesmente por diversão e por feeling.
Também não quero que tentem perceber, porque realmente se calhar até nem há nada para perceber ou se há eu prefiro que fique guardado comigo, são momentos unicos que me transmitem, uma enorme alegria e sentimento de liberdade. Claro é que gostaria de ver muitos mais miudos novos entusiasmados com as bandas, com as zines, com cada vez menos internet e gossip nerdice, mas atéeu toua a fazer um blog na net, logo estou a pactuar com tudo isso... mas ya gostava de ver o interesse que havia quando as unicas cenas que conseguias em Portugal eram as releases da Victory ou da Commitment records haha e claro as da Ataque Sonoro.
Mas se por um lado o antigamente era mais crowded, não quero dizer que fosse mais positivo, desses tempos conto cerca de 10 pessoas, se tanto, das 600 que faziam parte do mundo do "hardcore", não quero compreender, nem quero saber o que fez desisitir da viagem. Fazem-se sempre letras sobre quem bazou, mas sinceramente é muito mais importante quem ficou, quem continua a acreditar na cena alternativa, no Mundo paralelo de 4 paredes e energia.
Somos um reflexo da sociedade é um facto inegavel, e com isto dito, trazemos tudo o que de positivo e negativo a mesma poderá ter, o impacto de anos de vivência numa sociedade que nos molda acaba por também ter o seu efeito na cena hardcore, claro que de forma menos evidente mas continua a ter, e como tal não somos obrigados a gostar de toda a gente, a ter os mesmos gostos ou a pensarmos que o Mundo um dia será cor de rosa.
Vivo com quem gosto e dou me com quem merece, apesar de fazermos todos parte do mesmo, não quero ser hipócrita ao ponto de dizer que "tasse bem com todos os manos do core", porque realmente não se está.
Man tantas noites que passei em conversas sobre isto e aquilo, sobre o que tealmente cda um sente, e somos todos muito diferentes, muitas ideias já passaram e muitas irão voltar.
Somos piores por mudar?
há coisas que tenho uma certa magoa de terem corrido mal, amizades que se perderam, outras que se reconquistaram, sentimentos que foram desaparecendo, e outras ainda que se deixaram arruinar por causa de outrém... mas isso não interessa, tento não me arrepender do que fiz mas sim do que nunca fiz e queria fazer.
como disse anteriormente, sinto a cena da musica, das bandas, sinto que apesar de não saber fazer nada dentro desse meio, já me proporcionou grandes momentos, viagens maravilhosas a sitios lindos, sitios onde de certeza nunca iria chegar se não fosse a facilidade de ajuda entre pessoas que se conhecem apenas por e-mail mas que partilham um amor comum.
sinto me abençoado por ter tido a sorte de tantos anos de dedicação serem recompensados com alegria e trsitezas, stresses e paz, concertos bons e maus, pessoas brutais ou simplesmente banais, a vida é todo o conjunto de experiências que vais ganhando e vais aprendendo o que queres e o que não queres. Já vivi e vou viver ainda mais, há tanto por explorar, tanto caminho a fazer, mas já posso dizer que sou feliz, fi-lo por mim, fi-lo com os meus amigos, fi-lo inumeras vezes, e mais vezes irei fazer se me deixarem.
A minha chama arde, arde, queima e liberta-me, não a apaguem.

Ricardo Dias